Empresários em Ilhéus buscam crédito para capital de giro

Maria da Cruz e o sonho de montar sua própria padaria
JBO/Maurício Maron

O que poderia ter em comum entre a dona de uma loja de conveniência no município de Una, Maria Tereza, o publicitário ilheense, Armênio Moreira, e a comerciante da Vila do Retiro, na zona rural de Ilhéus, Maria da Cruz Santos? “Precisamos de capital de giro para investir no negócio”. A resposta do publicitário coincide com a das outras duas empresárias. Armênio, Maria Tereza e Maria da Cruz participaram, nesta terça-feira, 20, do Credi Negócio, que reuniu, no Sebrae em Ilhéus, representantes do Bradesco, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa e Desenbahia, para dialogar, avaliar e negociar linhas de crédito.

Armênio, que tem uma agência de publicidade há oito anos, busca recursos para investir em equipamentos. “A oportunidade de encontrar com representantes de instituições financeiras em um mesmo ambiente facilita a análise sobre qual instituição tem as melhores condições”, reconhece.

Já Maria da Cruz montou uma mercearia no povoado da Vila Retiro, zona norte de Ilhéus, onde residem duas mil pessoas. A empresa já conta com mais de 70 itens, desde arroz, feijão e farinha, a frango e carne. Mas o maior entrave está na comercialização de pães. Ela tem que transportar de outra localidade, todos os dias, o pão vendido na mercearia. A perda é grande com o transporte. O pão, muitas vezes, chega sem a qualidade que ela gostaria de oferecer aos clientes. A proposta da visita aos agentes bancários foi tentar obter recursos para montar a sua própria padaria.

“O programa busca justamente diminuir a distância entre quem tem para emprestar e quem precisa do recurso para crescer”, resume o analista do Sebrae em Ilhéus, Michelangelo Lima. Ele explica que o objetivo é retirar Maria Tereza, Armênio e Maria Cruz das estatísticas nacionais que apontam a burocracia na liberação de crédito por parte das instituições financeiras como o maior entreve para o crescimento das micro e pequenas empresas brasileiras. “A ideia é aproximar a demanda de crédito das MPE da oferta dos bancos parceiros, apresentando as opções e condições necessárias para o empresário ter acesso ao crédito orientado”, completa.

Antecipação e crédito - Na rodoviária de Una, a jovem Maria Tereza Soares Santos, de 23 anos, partiu em busca de novas linhas de crédito para a sua delicatessen. Ela sabe a importância de poder contar com um dinheiro a mais para avançar no negócio. No ano passado conseguiu viabilizar recursos através do BB Giro Rápido e investiu em novas mercadorias. O resultado foi tão positivo que o empréstimo, que deveria ser pago em 24 meses, já foi quitado. “Com o dinheiro na mão, antecipei a quitação e economizei R$ 5 mil de juros”, comemora. Agora, busca novas modalidades de recursos bancários, a juro mais baixos, para voltar a investir.


Gerente de pessoa jurídica no Bradesco, Aila Quênia Jacome Carilo, destaca a importância da iniciativa do Sebrae. “Tem gente com boas intenções que tem medo de entrar num banco”, reconhece. A primeira proposta feita pelos representantes dos bancos para todos os empresários que participaram da iniciativa do Credi Negócio foi a de abrir uma conta, ter acesso a um cartão de crédito, limite e capital de giro. A gerente garante: a burocracia vem diminuindo. Depois deste primeiro encontro, por exemplo, funcionários do banco irão visitar as empresas, analisar suas capacidades financeiras e formalizar um cadastro para, em seguida, constando-se as exigências cumpridas, liberar o crédito. “Não gastamos mais de três dias para tudo isso”, reforça Aila.